Um jovem recém-formado na universidade recebeu um
telefonema de uma grande empresa, a mesma empresa que ele deixara currículo uns
dias atrás. A secretária lhe informou o horário da entrevista e ele respirou
aliviado por ter uma oportunidade no mercado.

Acordou no outro dia e foi para frente do espelho, queria caprichar no
“marketing pessoal”, afinal, conseguir o primeiro emprego é tarefa árdua.
Penteia-se, faz barba, passa loção, acerta as sobrancelhas…quando olhou para
o relógio deu um pulo, estava atrasado! Pegou sua carteira, uma maleta com
alguns papéis e canetas e saiu correndo pela porta.

Respirou aliviado porque o ônibus 687 que o levaria para o centro da cidade
passou no momento que ele chegou ao ponto.

Trinta minutos depois saltou em frente ao edifício onde a empresa se
localizava, onde faria a entrevista. Faltam dez minutos para o horário marcado.
Mordeu os lábios, aprendera com seu pai que sempre deveria chegar pelo menos
dez minutos adiantado a um compromisso.

Adentrou as portas do edifício correndo e se informou com a recepcionista qual
era o andar da empresa. Caminhou rapidamente para a direção do elevador, na
porta encontrou um senhor, caminhando lentamente, com todo a reumatismo
acumulado por anos dedicados ao trabalho que o impossibilitava de ir mais
rápido. O jovem jogou o corpo para a esquerda, para a direita e o senhor ainda
assim impedia sua entrada no elevador. Por fim, mesmo contra seus princípios,
empurrou o senhor e entrou no elevador. Olhou no relógio, sete minutos…
Poucos segundos após estava no andar onde faria a entrevista. Esbaforido saiu
às pressas, e arrumando a gravata se dirigiu a secretária que estava sentada
atrás de um monitor de computador.

– Bom dia, meu nome é Cláudio Arthur e vim para a entrevista.

– Bom dia, Cláudio! – disse receptiva a mulher – Só um momento, por favor. –
pegou a agenda e confirmou o horário da entrevista – Pode sentar-se naquela
poltrona e aguardar. – disse – Sinta-se à vontade, temos cafezinho e água caso
o senhor queira.

O jovem se sentou e um peso saiu-lhe dos ombros, graças a Deus conseguira
chegar a tempo para a entrevista. Notou que estava suado. Apanhou uma revista e
começou a folheá-la.

Alguns minutos depois um senhor se dirigiu à secretária assim que alcançou com
certa dificuldade o local onde ela estava.

– Bom dia, Suellen!

– Bom dia, Sr. Orlando. Deseja que eu leve um café para o senhor? – perguntou
cordial.

– Não, obrigado. Vou entrevistar o candidato primeiro. Vou para minha sala e
após cinco minutos peça a ele que entre.

O jovem levantou o olhar e viu parado ali, na frente da secretária o mesmo
senhor que encontrara no elevador.

O rapaz apenas afundou-se na poltrona.

Marcos Bento

Nelly Garcia