Instituição de Castelo restaura e revitaliza Patrimônio Cultural

 

Maria José Vettorazzi – Presidente de Honra do IFMS.

Fundado em 2005, o Instituto Frei Manuel Simón – IFMS vem buscando parceria junto aos órgãos do governo nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, à Ordem Agostiniana, setores privados, universidades, comunidade castelense e muitos outros em busca de apoio para a revitalização do Casarão da Fazenda do Centro, Patrimônio Arquitetônico, Histórico e Cultural, tombado em 1984, pelo Conselho Estadual de Cultura.

A instituição foi fundada com o objetivo principal de preservar o Patrimônio Arquitetônico, Histórico e Cultural do Município de Castelo e iniciou os seus trabalhos com a elaboração e aprovação dos projetos Arquitetônico e de ocupação daquele espaço. Para isso, envolvemos toda a sociedade e seguimentos do Governo do Estado e Municipal como a Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Educação, Saúde, Sebrae, Bandes, Igrejas, entidades e outros, para discutirmos aquele assunto, numa Oficina de Plano de Manejo do Sítio Histórico da Fazenda do Centro, – Manejo Ambiental – destinado à ocupação e sustentabilidade do local, que possibilitem o uso de sua estrutura e de seu entorno para diversas finalidades educativas, culturais e desenvolvimento econômico e cultural da região. O passo seguinte foi buscar apoio para cobrir despesas com o Projeto Arquitetônico, hidráulico e elétrico, além das obras emergenciais de escoramento e contenção da Ala 1 do Casarão da Fazenda do Centro. As obras dessa etapa foram contratadas pelo Governo do Estado. Durante esses anos o Instituto veio realizando muitas ações estruturais para lhe garantir condições de trabalho legal junto ao Ministério da Cultura e outros órgãos. Para isso, conseguimos o certificado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, pelo Ministério da Justiça e, estamos também, buscando recursos da União, através de emendas parlamentares do Governo Federal. Naquele mesmo período realizamos campanhas para doação de telhas e conseguimos cobrir a obra com telhas de bica, cedidas por diversas famílias da comunidade castelense. Conseguimos a cessão de comodato com a Ordem Agostiniana, para 20 anos, para recuperarmos o prédio, considerado de preservação permanente. Também realizamos festas comemorativas e de Encontros de moradores e ex-moradores, promovendo apresentações culturais e religiosas com o intuito de conservar a Memória Histórica, valorizando a identidade étnica e cultural. Sempre tivemos a preocupação de ouvir as pessoas e, assim, estamos há mais de seis anos captando recursos, elaborando inúmeros projetos, ao passo que acompanhamos as obras de restauro até a sua conclusão e já buscando bens móveis para a instalação da Capela e outros espaços, assim como, dando início ao projeto ambiental, para limpeza e repovoamento do Rio Caxixe e Programa de Artesanato, de Valorização da Cultura e de melhoramento da Rodovia Estadual Vale do Caxixe e de telefonia. Também buscando meios para aprimorar o desenvolvimento sustentável, focando o Agroturismo e o Agronegócio, com alternativas como a cultura orgânica e implantação de horto de plantas medicinais para instalação de farmácia fitoterápica e horto de essências nativas para reflorestamento de encostas da região. É preciso dizer que o apoio técnico contábil, jurídico e outras assessorias, gratuitas, nos têm garantido trabalhar com muita segurança e legalidade. Inaugurar a Capela Santo Tomás de Vilanova e todo o Centro Cultural do Casarão da Fazenda do Centro significa um grande avanço para todos nós que temos envolvimento ou não com a vida daquela localidade, com os seus antepassados. A importância é muito grande quando levamos em conta que foi ali, em 1845, erguido um Casarão medindo em torno de 1800 m2 para abrigar a família do Major Antônio Machado Vieira da Cunha. A Fazenda do Centro teve esse nome devido à sua posição geográfica que fazia dela um centro de encontro anual de fazendeiros e autoridades para comemorações e reuniões de caráter econômico e social. Foi um grande marco para o desenvolvimento da região, mantendo mão-de-obra escrava. Com a Lei Áurea, a Fazenda do Centro entra em declínio e, mais tarde, com o processo de imigração européia, ela assume um aspecto de colônia de etnias. Estamos tendo o acompanhamento de Museóloga para redefinirmos o uso e instalações dos espaços internos, e, para isso, elaborarmos outros projetos para instalar a Biblioteca, Programa Cama e Café, Memorial das Etnias, Exposições de Artes, Auditório e muitos outros, assim como restauro de peças do mobiliário para reconstituir as adaptações. Portanto, salvar e proteger aquele Patrimônio material e imaterial é muito importante e o Governo do nosso Estado reconhece e valoriza isso quando abraçou, desde o início, o nosso projeto. A atenção de toda a sua equipe, Secretários e técnicos, tem sido um grande estímulo para todos nós.

 Segundo Historiadores, o Município de Castelo nasceu na Fazenda do Centro. E foram, ali, realizados muitos feitos de grande magnitude. Em 1909, para se teridéia, Frei Manuel Simón, Pároco de Benevente, região de Alfredo Chaves vendo a necessidade de ampliar o número de Paróquias e assentar famílias de imigrantes italianos, decide comprar a Fazenda do Centro com seus 1.542 alqueires de terra e realizar ali, o que muitos consideram a primeira Reforma Agrária do Brasil, assentando em torno de 300 famílias, que adquiriram seus lotes, com prazo de cinco anos para pagar, podendo estender o prazo para mais cinco anos. Estava instalado, assim, Núcleo Colonial da Fazenda do Centro. Em 1910, a produção de café e de cereais transformou a fazenda em ativo centro comercial e social, com estabelecimento do sistema cooperativista. A Província do Centro, como foi chamada, possuía 12 Capelas onde eram celebrados todos os ritos religiosos. Trabalharam, na Fazenda do Centro, grandes nomes do Catolicismo: Frei Manuel Simón, Padre Máximo Tabuenca, Frei Luiz Atienza, Frei José Rada das Dores, este, Beatificado por João Paulo II, Frei José Esteban, Frei Antônio Martinez, Frei Jesus Lopez, Frei Juan Echávararri,Frei Alaôr dos Santos, Frei Fontanella e muitos outros. Outro fato marcante foi a instalação do Pré-Seminário, em 1954, para dar instrução a crianças e jovens. Então, a proteção do Casarão não é apenas um trabalho de restauro é muito mais abrangente e todos estão reconhecendo este projeto e se esforçando para nos ajudar, porque todos, de alguma forma, se reconhecem naquele trabalho. Temos adquirido peças de época, de valor extraordinário. Muitas pessoas que lá presenciaram celebrações grandiosas têm dados importantíssimos para nos relatar. E essa lembrança oral é de fundamental interesse para as instalações futuras e para o reconhecimento de nossa identidade cultural. Na inauguração do Centro Cultural vamos lançar o documentário Lembranças Camponesas, fruto de convênio com a Secretaria de Estado da Cultura – SECULT.