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 A BOCA NO TROMBONE

Estava dirigindo pela BR- 262. No outono a paisagem fica ainda mais pitoresca. As árvores frondosas com suas copas arredondadas parecendo brócolis gigantes. As quaresmeiras floridas são de uma beleza prodigiosa.

Em meio a esse verde exuberante, lembrei-me de um final de semana com a família no sítio . Naqueles dias eu havia comprado um  grande bote inflável  e estava entusiasmada em usá-lo com a família. Então fiz de conta que éramos um casal de biólogos que viajava pelo mundo em expedições perigosas com os seus filhos.

O nosso sítio é cortado pelo rio. E foi nele que embarcamos nessa aventura. Foi tarefa árdua convencer marido e filhos a embarcar nesse meu devaneio. Mas cá entre nós é quase impossível dizer não a uma mulher  obstinada. E foi assim de mansinho que consegui o meu intento.

Vesti calça cargo, chapéu e bota, assim também vesti as crianças. O passeio não foi tão  previsível quanto imaginei! Meu plano era entrarmos no bote sem sequer molhar os pés. Todavia as margens eram de difícil acesso, o que fez com que molhássemos não só os pés como também os bumbuns.

 Com todos a bordo, o pai dos meus filhos remou até um bambuzal emaranhado e encurvado alcançando a outra margem  parecendo querer nos devorar. Teias de aranha enchapelando nossas cabeças. Aracnídeos disputando espaço com a gente. Sem contar o medo de cobras e de esquistossomose. Ah! Mas o remador se regozijava lançando o bote no bambuzal. Essa foi sua vingança para  acabar de vez com as minhas maluquices. Porém uma mente inventiva não é fácil aquietar.

Sem perceber voltei para realidade! E nela também vou me fantasiar. Neste momento sou uma elegante jornalista trajando uma saia lápis, uma blusa de seda e um sapato  scarpin,  sussurrando em seu ouvido palavras nada jocosas.

 Muitas vezes agir como os três macaquinhos que ilustram um templo sagrado japonês(Um cobre os olhos para não ver o mal, outro tapa os ouvidos para não ouvir o mal e o terceiro tapa a boca para não falar o mal)  seja uma ótima estratégia para uma boa convivência . Infelizmente esse provérbio que nos faz viver socialmente e em harmonia não cabe na administração pública!

Nesse governo que se apossou e não quer mais sair, tal qual cupim dilapidando nossa moral e patrimônio. Com essa ditadura  e autoritarismo nos assombrando diariamente. Com a criação de um conselho federal do jornalismo criado para disfarçar a censura e tentou se instalar para controlar a imprensa e perseguir os jornalistas, muitos destes  até demitidos por não calar a verdade.  

As brechas do PNDH( Plano Nacional de Direito Humano) para orientar, disciplinar  os jornalistas. Nada mais é do que cercear a liberdade de imprensa e expressão. Esse governo que está aí, ele sim quer total liberdade  para usar de todo o artifício possível para extorquir nosso dinheiro na calada da noite.

Sendo assim temos que agir contrário aos macaquinhos. Vamos abrir bem os olhos, limpar bem os ouvidos e botar a boca no trombone.

 Que pena! Eu bem navegando em águas calmas e românticas! Contemplando a natureza ! Num piscar de olhos meus pensamentos tomaram essa conotação política desagradável. É que estamos próximos de uma eleição presidencial! Nesse caso vou ter que guardar meus macaquinhos no armário, não vou fantasiar e nem vestir a capa da invisibilidade.

Temos que tomar a postura de cidadão patriota e lutar por um país melhor.

E-mail: malupeisino@hotmail.com